O Theatro da Paz, em Belém, recebeu entre os dias 11 e 14 de setembro a visita de uma representante do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), entidade associada à Unesco, no processo de avaliação dos “Teatros da Amazônia” à Lista do Patrimônio Mundial Cultural. A missão também contemplou o Teatro Amazonas, em Manaus, entre os dias 7 e 10 do mesmo mês.
A visita faz parte de uma etapa decisiva da candidatura organizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em parceria com os governos do Pará e do Amazonas, além das prefeituras de Belém e Manaus. Durante a estadia na capital paraense, a missão internacional dedicou quatro dias de atividades ao Theatro da Paz e à área de entorno imediato, como a Praça da República, o Parque João Coelho e a Praça da Sereia.
Foram analisados elementos arquitetônicos e artísticos, além de documentos e acervos, em reuniões com técnicos, artistas, educadores, produtores e representantes da sociedade civil. A programação incluiu também um concerto especial no dia 13, com a Amazônia Jazz Band e a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz.
A secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, destacou a importância do momento. “Foi uma oportunidade de demonstrar o compromisso do Governo do Pará com a preservação e a democratização do acesso a essa casa de espetáculos, que é um símbolo do nosso patrimônio histórico”, afirmou.
Além das análises técnicas, a missão percorreu áreas estratégicas da cidade, como a orla de Belém e a ilha do Combu, observando a relação histórica e cultural da capital paraense com seus rios.
Em Manaus, o foco esteve no Teatro Amazonas e em seu entorno, especialmente o Largo de São Sebastião e áreas do centro histórico. A equipe avaliou a conservação do espaço, sua documentação e a relevância cultural para a cidade.
Para o Iphan, os dois teatros são símbolos de transformação social e cultural na Amazônia, construídos durante o ciclo da borracha e ressignificados ao longo do tempo. “Para ser reconhecido como Patrimônio Mundial, um bem precisa estar vivo. Os Teatros da Amazônia permanecem centrais na vida cultural das cidades e movimentam a economia criativa”, afirmou Andrey Schlee, diretor do Departamento de Patrimônio Material do Iphan.
O dossiê entregue à Unesco ressalta a combinação de influências europeias com elementos amazônicos nos teatros, como o uso de madeiras nativas, ladrilhos fixados com cola de gurijuba e pinturas que remetem à fauna e flora regionais.
Para Juliana Bezerra, chefe da Assessoria Internacional do Iphan, a candidatura amplia a representatividade cultural da Amazônia. “O Brasil já tem reconhecimentos importantes da Unesco, como o Círio de Nazaré, mas agora jogamos luz em uma nova centralidade urbana a partir da cultura, valorizando os trabalhadores da arte e do patrimônio”, destacou.
A recomendação oficial sobre a candidatura deve ser apresentada à Unesco em março de 2026. A decisão final está prevista para julho do mesmo ano, durante a 48ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial.