Pesquisadores brasileiros identificaram o Sistema Aquífero Grande Amazônia (SAGA), considerado o maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta. Localizado sob os estados do Acre, Amazonas, Pará e Amapá, o SAGA possui volume estimado de 162.520 km³, superando em mais de quatro vezes o Aquífero Guarani, até então reconhecido como o maior da América do Sul.
De acordo com cálculos dos cientistas, a reserva seria suficiente para abastecer toda a população mundial por cerca de 250 anos, considerando o consumo médio individual. A descoberta partiu de estudos do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPA), a partir da ampliação das pesquisas sobre o aquífero Alter do Chão, em Santarém.
Segundo o geólogo Francisco Matos, o sistema se estende desde os contrafortes dos Andes, no Acre, até a região do Marajó, no Pará. Atualmente, o aquífero é utilizado para o fornecimento de água em cidades amazônicas, como Manaus e Santarém, mas seu potencial é muito maior.
Os especialistas destacam que o SAGA poderia ser usado para ampliar a produção agrícola na Amazônia, permitindo dois ciclos de colheita ao ano, aproveitando a disponibilidade de água, terras agricultáveis, energia elétrica e radiação solar da região.
No entanto, os pesquisadores reforçam a necessidade de um uso sustentável. O aquífero está intimamente ligado ao ciclo hidrológico e à floresta amazônica, que contribui para a recarga de água subterrânea por meio da evapotranspiração. A exploração descontrolada poderia comprometer não apenas o reservatório, mas também o regime de chuvas em outras regiões do Brasil.
Apesar da dimensão, os cientistas descartam a possibilidade de o SAGA abastecer regiões distantes, como o semiárido nordestino ou o Sudeste, devido às dificuldades logísticas e aos altos custos de transporte da água.