Canaã dos Carajás tem se destacado nos últimos anos pelo avanço na urbanização, embelezamento de ruas e organização dos espaços públicos. A gestão municipal investe em obras de infraestrutura, sinalização, ornamentação e até em pontos que se tornaram verdadeiros cartões-postais, como o letreiro de entrada da cidade, na saída do bairro Vale dos Sonhos para a rodovia que liga o município a Xinguara.
No entanto, basta seguir alguns metros adiante, já no asfalto da PA, após o letreiro de Canaã, para encontrar um retrato triste e contraditório: o descarte irregular de lixo em plena via pública. Resíduos, entulhos e sujeira espalhada transformam um espaço planejado para ser a porta de entrada da cidade em um cenário de descaso e poluição.
Nem tudo é culpa da gestão
É comum que a população cobre melhorias da administração pública, e esse é um direito legítimo. Mas, diante de situações como essa, é preciso levantar uma reflexão crítica: até que ponto os problemas vividos pelas cidades são apenas resultado da ineficiência dos gestores?
A falta de consciência de parte da comunidade também pesa — e muito — no que se refere à degradação urbana e ambiental. Quando moradores, que tanto exigem qualidade de vida e espaços bem cuidados, não cumprem sua parte, a cidade inteira paga o preço.
Educação e consciência ambiental em falta
Não se trata apenas de estética, mas de saúde pública, preservação ambiental e respeito ao coletivo. O lixo descartado de forma irregular contribui para a proliferação de doenças, prejudica a drenagem das águas pluviais e compromete a imagem do município.
Canaã dos Carajás tem buscado se consolidar como uma cidade moderna e organizada, mas esse objetivo jamais será alcançado enquanto parte da população insistir em atitudes que ferem a coletividade. O poder público pode investir em limpeza, fiscalização e conscientização, mas nada substituirá a responsabilidade individual de cada cidadão em cuidar do espaço onde vive.
Um cartão-postal manchado pela falta de cidadania
O letreiro que deveria simbolizar orgulho e acolhimento, agora ofuscado pela cena que se segue logo adiante, se transforma em testemunha da negligência de quem não compreende que cidadania é uma via de mão dupla: o governo faz a sua parte, mas a sociedade precisa, igualmente, fazer a dela.
Afinal, cidades não se degradam sozinhas — são os hábitos da sua população que ditam se os espaços públicos serão motivo de vergonha ou de orgulho.