A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (17), o pedido de urgência para a análise de um projeto que trata da anistia a condenados pelos atos de 8 de Janeiro. A medida permite que a proposta seja votada diretamente no plenário, sem passar pelas comissões. A decisão ocorreu um dia após a Casa aprovar a PEC da Blindagem, que amplia a proteção judicial a parlamentares e agora segue para análise no Senado.
O placar da votação foi de 311 votos a favor, 163 contrários e 7 abstenções.
Texto ainda indefinido
O projeto utilizado como base é de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ). No entanto, parlamentares destacam que a versão final pode ser alterada antes da votação principal. A expectativa é que o texto reduza penas, sem anular condenações, possibilidade que alcançaria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que ainda haverá negociações sobre a proposta. O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) é um dos nomes cogitados para relatoria.
Como votaram os partidos
Entre os partidos que votaram majoritariamente pela urgência estão:
- PL: 85 votos;
- União Brasil: 49 votos;
- PP: 43 votos;
- PSD: 28 votos;
- Republicanos: 40 votos;
- Podemos: 12 votos;
- PSDB: 10 votos;
- Avante: 6 votos;
- Solidariedade: 4 votos;
- PRD: 5 votos;
- Novo: 5 votos;
- Cidadania: 3 votos.
Já os partidos que se posicionaram majoritariamente contra foram:
- PT: 66 votos;
- PSB: 12 votos;
- PDT: 13 votos;
- PSOL: 14 votos;
- PCdoB: 9 votos;
- PV: 4 votos;
- Rede: 1 voto.
Contexto da votação
A aprovação da urgência foi articulada por líderes da oposição em diálogo com Hugo Motta. A decisão ocorre um dia após a Câmara ter aprovado a chamada PEC da Blindagem, que amplia garantias processuais a parlamentares.
O texto inicial apresentado por Crivella prevê a anistia a pessoas que participaram ou apoiaram manifestações de caráter político ou eleitoral entre 30 de outubro de 2022 e a data de entrada em vigor da lei. O alcance da proposta, incluindo se Jair Bolsonaro poderá ser beneficiado, ainda não está definido.
Hugo Motta afirmou que o objetivo é promover debate no plenário:
“Não se trata de apagar o passado, mas de buscar caminhos para pacificação e diálogo”, disse.
No governo, auxiliares avaliam que a aprovação da urgência não representa derrota imediata, mas admitem que a negociação pode trazer riscos e dividir a base.
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