Aneel prepara protocolos para evitar colapso no sistema elétrico diante de excesso de energia renovável

há 1 semana 3

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que vai implementar novos protocolos para lidar com um risco inesperado: o colapso do sistema elétrico brasileiro provocado pelo excesso de geração de energia renovável.

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Apesar de o país registrar produção histórica de fontes limpas — como pequenas hidrelétricas, usinas eólicas e solares —, a sobreoferta tem se transformado em um desafio para a estabilidade da rede elétrica nacional.

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Primeiros impactos

O novo procedimento da Aneel vai atingir, inicialmente, a operação de pequenas centrais hidrelétricas. Em seguida, será ampliado para a mini e microgeração distribuída, modalidade em que consumidores produzem sua própria energia e recebem créditos ao injetar o excedente na rede.

Essas unidades, por não estarem conectadas diretamente ao Sistema Interligado Nacional (SIN), não ficam sob controle do Operador Nacional do Sistema (ONS). No entanto, seus efeitos também pressionam a rede de distribuição, especialmente em momentos de maior incidência de sol e vento.

Reunião emergencial

Na última sexta-feira (17), a Aneel se reuniu com representantes do ONS e da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) para tratar do tema. O encontro apresentou um diagnóstico preocupante: em dias de grande produção de energia renovável, o sistema chega a perder a capacidade de controlar frequência e tensão.

O ONS informou que até 31 de outubro enviará à Aneel uma proposta detalhada do Plano de Gestão de Excedentes de Energia na Rede de Distribuição, documento que deve estabelecer como os cortes serão aplicados e quais protocolos devem ser seguidos pelas distribuidoras.

“Notícia boa” que virou problema

O fenômeno tem ocorrido principalmente no Nordeste, região que concentra a maior parte dos parques eólicos e solares do Brasil. Em dias de forte produção, o operador do sistema tem sido obrigado a desligar usinas para evitar sobrecarga — um procedimento que já se tornou diário.

Exemplos recentes chamaram a atenção: nos dias 4 de maio e 10 de agosto, o volume de energia distribuída por micro e minigeradores chegou a níveis que ameaçaram a segurança do SIN.

Como deve funcionar o novo protocolo

Segundo Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, a principal mudança será a atuação direta das distribuidoras junto às usinas que não estão conectadas ao SIN.

“Hoje, quando há necessidade de cortes, o ONS fala diretamente com as usinas ligadas ao sistema interligado. Agora, será possível acionar também as distribuidoras para desligarem a geração local que está na rede de distribuição”, explicou.

Na prática, isso significa que o ONS, que já faz cortes em usinas de transmissão, também poderá contar com a colaboração das distribuidoras para gerenciar a oferta de energia e evitar o desequilíbrio da rede.

Próximos passos

Em nota, o ONS reforçou que as medidas ainda estão em fase de estudo e que as diretrizes finais dependem da avaliação da Aneel. Caso seja necessário, a agência reguladora poderá editar novas normas para garantir a implementação efetiva do plano.

Enquanto isso, o debate continua: como equilibrar o avanço da geração renovável — cada vez mais estratégica para a transição energética do país — sem comprometer a segurança do sistema elétrico?

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